A necessidade de comunhão com o outro é o que há de mais fundamental no ser humano; é a origem de todas as necessidades e desejos. Se essa sede de pertença e de comunhão não for saciada, a angústia e os sentimentos de culpa, depressão, fúria, ódio de si próprio e dos outros tomarão conta da pessoa. Esse sofrimento pode se tornar de tal maneira insuportável, que a pessoa, se for suficientemente forte, fará possível para sufocá-lo, ocultá-lo, esquecê-lo, para viver sonhos, preenchendo o sentimento de vazio com atividades, distrações e barulho.
Assim, tais sentimentos de vazio e isolamento, unidos ao seu sofrimento, ocultam-senum cantinho muito profundo do seu ser, uma espécie de túmulo lacrado. Toda essa miséria é enterrada e, com ela, seu próprio coração, ferido e sedento de comunhão.
Na comunidade, respondemos ao chamado de Jesus para vivermos juntos e com os corações intimamente unidos na mesma “sintonia” do Espírito Santo. Nessa resposta de comunhão, podemos, cada um com sua história particular, partilhar e enriquecer a vida uns dos outros. Não só porque o sofrimento ou a alegria transforma vidas, mas porque há um verdadeiro sentido do amor recíproco, que nos faz temerosos, e ao mesmo tempo, livres para abrirmos nossos corações.
Nessa vivência comunitária, podemos até não ter as mesmas opiniões e concordâncias pessoais, no entanto, temos a intenção de comungar a mesma opinião da Santa Igreja, no seu mais puro amor, que brota do coração de Deus, e nos permite assim, desarmarmos de nosso individualismo para inteirar num único, que é o corpo místico de Cristo, representando pelo mistério de cada Carisma.
Em comunhão, podemos abrir nossos corações e partilhar também as nossas misérias, libertando-nos dos túmulos interiores. Com certeza, também seremos inseridos num processo de cura, libertando-nos dos nossos sentimentos mais escondidos e transformando o vazio em plena comunhão de amor e partilha.