Graça é um atributo de Deus, um componente do caráter divino, demonstrada por Ele através da bondade para com o ser humano pecador que não merece o Seu favor.
Então através da graça de Deus, que se manifesta plenamente em Cristo Jesus, somos renascidos das cinzas dos nossos pecados, de nossas derrotas e fracassos. Somos separados para receber um espírito novo e testemunhar aqui e em todos os lugares do mundo que Jesus Cristo é o Senhor de nossas vidas.
“Fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim”. (Gálatas 2,20)
Esse texto de São Paulo para mim é um dos mais teocêntricos de todos os textos de São Paulo, ou seja, São Paulo esta aqui determinando Deus como centro da sua vida, da sua razão de viver.
Esse texto é um desafio para todos que realmente são cristãos e que foram renascidos pela graça, que foram separados pela graça para que tenhamos uma nova existência uma nova vida.
Esta é a beleza do homem renascido pela graça.
Somos separados para levar a boa nova do evangelho de Cristo.
“Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”, é ou não é uma mensagem carregada de paixão de alguém que decreta a morte do pecado.
Quando São Paulo diz: Fui crucificado com Cristo, ele esta afirmando que a justificação não procede da lei, e sim da graça mediante a fé, ou seja, ele esta afirmando que a obra mais excelente do amor de Deus. É a ação misericordiosa e gratuita de Deus, que perdoa os nossos pecados e nos torna justos e santos em todo o nosso ser. Isto tem lugar por meio da graça do Espírito Santo, que nos foi merecida pela paixão de Cristo e nos foi dada no Batismo.
São Paulo precisava ser iluminado, precisava fazer a experiência de Deus, para ser exatamente aquele homem com quem Deus sonhou.
Assim como uma lâmpada apagada não serve para nada, porque não realiza sua missão, mas quando esta acesa ela ilumina toda a casa onde nós estamos sentados.
Foi assim que Deus anuncia o pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar, e lá então todos reunidos, iluminados pela luz que penetra entra e o vento impetuoso que vem do céu, aqueles homens recebem o que? O fogo, o fogo devorador, o fogo invencível, o fogo permanente o fogo que ilumina toda alma todo homem.
É esta luz que Paulo recebeu no seu caminho.
O que não poderíamos ver Deus tornou visível, o que nós não poderíamos compreender, Deus tornou compreensível, o que nós não podíamos tocar Deus tornou homem, para que abraçássemos, para que o beijássemos.
O que não podíamos Deus realizou, Ele desceu dos céus, para se encontrar comigo e contigo
Deus estava no seu caminho, assim como nós também estamos realizando o nosso caminho.
O Concílio de Trento de 1546, que foi a grande expressão da Contra-Reforma, ensinava que a justiça merecida por Cristo deveria ser apoiada pela justiça do próprio pecador que cooperava com a graça através das boas obras.
Então vejam o que Paulo vai dizer: Estou crucificado com Cristo.
Estar crucificado com Cristo implica em experienciar estas situações:
1) Morto para o poder do pecado. Significa que o pecado não tem mais domínio sobre a minha vida. Pois a minha natureza de pecado foi crucificada e morta com Cristo.
Pois, sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que foste destruído este corpo de pecado, e assim não sirvamos mais o pecado. Com efeito, quem morreu, ficou livre do pecado. (Rm 6,6-7).
O corpo do pecado foi golpeado na cruz. Jesus sofreu com uma coroa de espinho, as suas mãos e seu lado esquerdo foram perfurados e os pés pregados na cruz. O castigo que nos traz a paz estava sobre ele.
Estar crucificado com Cristo implica em:
2) Morto para a ação da Lei. Sou aceito por Deus não pelo cumprimento da Lei, mas pela fé no sacrifício de Cristo, que satisfez toda justiça de Deus.
Assim, meus irmãos, vocês também morreram para a Lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerem a outro, àquele que ressuscitou dos mortos, a fim de que venhamos dar fruto para Deus. (Romanos 7,4 )
A lei é como um marido intransigente, insatisfeito e que perdeu a esposa. Ao passar pela cruz de Nosso Senhor, um novo esposo foi dado a ela, cujo nome é Jesus Cristo.
Estar crucificado com Cristo implica em:
3) Estar morto para a influência do mundo. Posso viver na contra mão da história. Não tenho necessidade de me adequar aos valores desse mundo, as ideologias deste mundo.
Por meio da cruz de Cristo estou separado do mundo e dos seus valores anti-Deus. Este já não tem mais o poder de me transformar em apenas um número do seu sistema. Quer seja econômico, social ou midiático. Deixei de ser uma “Maria vai com as outras” para ser SANTO.
O passado e suas influências ficaram para trás. Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! 2 Coríntios 5,17. Faço parte de uma nova criação!
Era por esta razão que São Paulo não se cansava de dizer: Estou crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. Gálatas 2,19-20.
A beleza do homem renascido pela graça é manifestar a beleza de Cristo Jesus.
Deus quer fazer-se conhecido, amado e adorado no mundo através da manifestação da vida de Cristo em nós.
O segredo para exalarmos o bom perfume de Cristo é simples: Trazendo sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo.
Somos vasos de barro contendo um precioso tesouro. Nosso testemunho Ao levarmos a nossa crucificação a sério, a vida do Senhor é vista pelos olhos dos que nos cercam. Isso acontece porque saímos da jogada, e quem entra em cena é o Senhor dos Senhores e Reis dos Reis. Aquele que é Excelso. Isto é maravilhoso, mas na sequencia deste versículo de gálatas onde o apostolo Paulo diz: que foi crucificado com Cristo, ele diz outra coisa no meu entender mais Maravilhosa ainda, mais poderosa, mais intrigante e inesquecível: ele Diz: já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.
Cristo vive em Mim! Você já parou pra pensar nesta afirmação. Cristo vive dentro de mim e se torna a minha própria vida! Ele entra na própria raiz do meu coração e do meu ser. Ele entra na minha vontade, no meu pensamento, no meu viver, e vive em mim no poder que somente o Deus onipresente pode exercer.
É exatamente isto que as Escrituras estão dizendo de uma maneira muito bonita e poética: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”.
É assim que Paulo resumidamente descreve o que aconteceu desde o dia em que o Salvador se revelou a ele no caminho de Damasco. Agora, Paulo reconhece que o “velho Saulo” já não vive mais, mas é Cristo que vive pelo poder do Espírito Santo nele.
Trata-se de uma nova vida vivida agora pela fé e naquilo que Jesus fez por ele. Isto é o que chamamos de conversão.
Naquele momento em que o Senhor se revelou a ele, Paulo reconheceu que tudo que ele pensava ser certo, toda a sua religiosidade que fez dele um homem tão íntegro e responsável, na verdade estava levando-o para um caminho completamente oposto ao de Deus.
Ele, que se julgava um grande amigo de Deus, fazendo o melhor que podia para preservar a pureza daquilo que cria ser a sua vontade, viu-se como um inimigo do Senhor ao ouvir de Cristo: “Sou Jesus, a quem você está perseguindo”.
Aquele encontro transformou radicalmente, e para sempre, a vida de Paulo. Ainda caído no chão, ouviu Jesus dizer a ele: “Agora, levante-se, fique em pé. Eu lhe apareci para constituí-lo servo e testemunha do que você viu a meu respeito e do que lhe mostrarei”.
Paulo ergueu-se para iniciar uma nova jornada, uma nova vida, uma nova missão.
Paulo tinha uma vida comum a muitas pessoas. Era um homem íntegro, zeloso e coerente com suas convicções, como alguns de nós. No entanto, quando Cristo se revelou como Filho de Deus e Salvador, ele se entregou completamente. As coisas velhas ficaram para trás; suas antigas ambições foram abandonadas, seus velhos princípios, valores e conceitos, também foram deixados para trás.
Não era mais o mundo quem determinava o certo ou o errado, nem mesmo sua consciência tinha a última palavra – o que lhe importava era Cristo, sua palavra, sua cruz, sua ressurreição, sua vontade.
Foi uma experiência que mudou a compreensão que Paulo tinha do mundo e dos seus valores, alterando radicalmente sua visão e estabelecendo novos paradigmas que iriam conduzir sua vida, seus valores, princípios e trabalho. Isso é consequência de alguém renascido pela graça.
Temos perdido este conceito tão central e fundamental da conversão. O Cristo que queremos servir não é mais aquele que se revela a nós, mas um que criamos a partir daquilo que nos interessa.
A vida cristã não significa mais o “ser nova criatura”, mas permanecer sendo a mesma criatura, com um leve toque de verniz religioso.
Não é mais a voz de fora que fala conosco, mas uma voz de dentro, um apelo nascido da vaidade, do medo, do egoísmo e dos desejos confusos e desordenados que povoam nossa natureza caída.
Precisamos resgatar o conceito de conversão irmãos, precisamos resgatar o Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em Mim.. Isto significa que devemos lembrar diariamente que quando eu aceitei Jesus, eu morri para o mundo, e passei a viver para Ele, que os meus sonhos são d’Ele, os meus talentos e habilidades são d’Ele, o meu corpo é d’Ele, a minha mente é d’Ele, o meu coração é d’Ele, o meu tempo é d’Ele. Nada é meu, tudo é d’Ele! Tudo o que sou devo à Ele; tudo o que faço, faço pra Ele. Todos os meus projetos visam engrandecer o Seu Nome. Tudo o que faço tem um único objetivo: fazer a vontade d’Ele!
Esse viver que agora tenho, eu vivo pela fé em Jesus, por acreditar que o Seu sacrifício na Cruz do Calvário por amor a mim é suficiente para me purificar de todo pecado, para me dar a Vida Eterna, para me conduzir da posição de inimigo de Deus à amigo de Deus, de escravo à livre. Essa vida que hoje vivo pela fé em Jesus, me eleva à posição de filho(a) de Deus por adoção, de povo de propriedade exclusiva de Deus, de nação santa, de princesa, de menina dos olhos de Deus.
Esse viver que agora tenho é um viver de renúncia aos prazeres do mundo para viver uma vida que agrade à Deus, uma vida de santificação, uma vida de oração, uma vida onde eu morro a cada dia para que Cristo viva em mim de tal forma que as pessoas ao olharem para mim não vejam a minha pessoa, mas veja Cristo em mim: na minha fisionomia, nas minhas palavras, nas minhas atitudes, no meu andar, enfim em tudo o que há em mim.